domingo, 23 de maio de 2010
.¡.Ow Lucy.¡.
Sobre casas mal projetadas, insinuo meus pés através de um cenário imaginário que eu mesma criei.
Foram todas, pouco a pouco, tomando cores, tantas cores, confesso que me orgulho do plano, mas quando vejo que te tornou a pensar tão plano, que virei ao contrário, do cubo ao quadrado, e ainda assim não te achei...
Vou dançar uma bossa então, em homenagem ao carinho da recordação, desculpa, roubei teu bordão, mas é assim como estou, embriagada desse inominável prazer que me deixo...
Ah me deixo, de braços dados aos sorrisos, quando ouço essa gaita ao fundo, hum... como descrever um sabor?
E de uma bola de chiclete a estourar deixo–me ao ar...
Esse é o momento, o instante de voar, doar-se ao "Maximo", reconhecer teus fracassos, lançar-se ao aço, ao concreto, e que seja ao plástico, não importa isso sempre acaba em protesto.
É como registrar um devaneio, essa sua foto de lente embaçada, eu começo a enxergar meio às claras, com uma pitada de lucidez, que vivi a chamada efêmera sensação do gosto, debaixo da língua, foi se tornando pouco a pouco e disse finalmente para o que veio.
E eu sempre encontro o freio, só pela aventura de pegar o atalho, ou talvez o caminho encantado, onde alguém queira se apresentar e contar a sua própria história, onde a placa indica: Seja personagem do que sempre sonhara, nunca perca o fio da meada...comece sempre outra vez.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Relaxa na prosa
Não adianta correr, ou se arrastar devagar, parece incrível, mas demora o mesmo tempo pra chegar lá.
Ninguém percebe? É tão difícil assim? Será que não é obvio que a busca não é pelo fim?
Assim eu sou forçada a ser piegas, redundante, prolixa, infame.
Quero cuspir, escancarar, ser intransigente, quero ver alguém me calar.
Prefiro cair e me ralar, expor a pele, os vasos, os nervos, os ascos.
Prefiro que me exponham como moldura de concreto a ser discreto, olho no olho, mordendo a língua, dedo do meio, vou roubar teu auto-falante e promover um manifesto lancinante.
O fim é teu objetivo? Já cogitou a hipótese de não alcançar? Então seja criativo e arrume um jeito de viver o meio, o caminho, o constante, o desafio, sentir o que está sendo vivido, entre ilusões e delírios, tenha o real para não se perder no ideal.
Na moral, e tenho dito!
Visitar-me-á?
Onde mora toda essa dor?
Talvez um dia possa me fazer um convite
Numa visita, me receber com um chá... é só um palpite.
Abro as portas, então, encontro-a num sótão, ou será um porão?
Resiste em me mostrar seu rosto, face crua esculpida em desgosto
Não fede nem cheira, sem sabor, é cega como uma mula, tapada e um tanto surda, só sente a picada do próprio veneno, passa horas a se consumir por dentro.
E quando cansa da solidão, se põe a invadir meu coração, cantarolando baixinho uma fúnebre canção, chega de mansinho, se aloja e decora meu peito à sua moda.
É dor cheia de vida, procria a morte e a alforria, faz do meu coração uma coação, apertado, bate todo acelerado. Uma disritmia que inveja o maestro, numa sinfonia de choro da denúncia do seqüestro, a dor é manifesto.
Ela acusa o roubo, a perda, o louco, a deixa. A dor é um processo vital, a morte é necessária para compor um final. O ciclo é eterno, meu espírito é infinito, a dor pode ser feia, mas deixa o poema bonito.
Uma alma partida, destroçada, não é de longe o significado do vazio, pelo contrário, demonstra a vontade de se preencher, catar os cacos e se reerguer, sentir o sentido do que é viver, como num ciclo, matar a dor para renascer.
Não gosto de me contradizer, mas essa dor só existe porque não há amor, é a falta de luz do vazio em que me deixou. É a esperança, a casa sem mobília, prestes a receber visita, um café, talvez, tenho fé dessa vez.
Sorrio e mostro o rosto, é a dor saindo por baixo, fazendo cócegas, provocando o gozo...
Ouço uma canção, com rimas e clichês, é a mais bela colonização do meu eu, acelero, paro, não evito, abro as janelas e basculantes, desejo esse amor todos os instantes.
Invada meu coração, meta o pé na porta, me ressuscite, pois já estou morta, prestes a compor um final, meu ciclo é eterno, meu espírito vital.
