sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ar-Mário.


Depois de três dias recompondo os cacos, saí do armário. Estava tudo sob controle, a vida continuava viva e vi quando as borboletas também decidiram sair do casulo. É o primeiro dia da primavera, às vezes a coincidência gera o absurdo.
Pus-me a perceber  que o horizonte é logo ali, na ponta do meu nariz; o precipício é passado, pulei dele quando nasci * e já que estou aqui, faço do centro do universo o meu umbigo, não que signifique egoísmo, só quis dizer que se por acaso ninguém aparecer, estarei de braços abertos para me receber.
Três fusíveis do meu cérebro queimaram no armário, não que signifique um semi-retardo, só quis dizer que pensar demais sobre o futuro ou o passado me distrai a tal "pranto" onde deslembro que permaneço respirando. O ar têm-me tocado mais do que os fatos, e através desse contato, deixo vaguear e sublimar, evaporo distorcendo a fôrma, derreto meus anseios concretizados em desejos.
Como a vida segue sendo, existir requer escolha, a poeira da ampulheta se escoa * fique bem, meu bem, causo-de-quê coisa sequer me atordoa* Deparo-me com diversos manuais de pseudo-ajuda, engulo as páginas e saboreio a grande estupidez das palavras, cada verbo me limita, a letra pronunciada é a torta imitação da vida, nem o tal do fróidixplica, lácansétima, sól complica.
Considero o todo de qualquer conhecimento, o armário me deixou por dentro, por ele tenho grande apreço ao desamarrotamento, mas "voa lá", eis o momento de escancarar a luz e fulgurar de acordo com a sincronicidade do universo, a dualidade do acaso, o monismo do colapso, a certeza de que a dúvida é tão verdadeira quanto a mentira e que o feio foi bonito um dia.
Era pra ser mais leve, confesso, talvez mais alegre, de certo... Entre gavetas e cabides, me encolhi, dobrei o limite, me perdi, acordei mãe de mim, o filho que está por vir.  Ah,notei incrivelmente que o ciclo é bestial, ninguém se dá conta por ser apenas um mero mortal.

Meu primeiro dia depois do parto anormal daquele velho móvel e seus cupins, e já me ponho a ir além do que esperava de mim, mas é assim, aprendi a rir do tropeço, o erro gera o acerto, só tenho a certeza de que cada dia é um novo começo... (Fim).

domingo, 15 de agosto de 2010

Dente que nem sente.


Perceba a criação significativa e espontânea.
Não inventaram o homem, as coisas criaram-se, decidiram SER (vida), e a vida, ser vivida. 
Criaram-se por si só, criaturas criativas. Ser que desejou ter, Ser que desejou crer, Ser que já sendo, resolveu conhecer, esquecendo-se que não há por que.
Nessa busca de explicações, onde palavras se perdem no tempo, tão efêmero, que existe sem ser, subvertem o que sentem, que sabem inclusive o que nem sabe que existe, acreditam simplesmente... pois seria como negar a dor de dente.

Espectadores