sexta-feira, 23 de julho de 2010

O mundo é fabuloso, o ser humano é que ...

Passo torto de malandro que perdeu a alma no jogo, surrupiando a fala, distorcendo a calma, coitado do moço, nem chapéu tem para arrumar o troco.


Garoto disperso, invadido pelo mundo cruel, nunca quis alcançar o céu, mas voou tão alto que encontrou um tal de Manoel, well, well, well, garoto desperto depois do tombo de cara no asfalto, bazuca apontada por um asno fardado, mãos ao alto, viva o seqüestro diário de atos, então pega o atalho, corre sorrindo, em desalinho, garoto esperto, metido em perigo, encara o som do universo, bandolim debaixo do braço, esse garoto não cansa do fardo, da benção, não pede licença, respeita o invisível, não sabe ser romântico, mas é um amante emotivo, seduz o mundo com seu sorriso, garoto maroto, respeita o desafio, se mantém na estrada, as vezes dá mancada, sente fundo o calafrio, inventa palavras, piadas, gargalhada abafada, aprendeu a ser apenas essência, o pó de onde viemos, o que norteia a nossa existência.

Crioulo, deus de si mesmo, flutua e perambula, não há quem o destrua, lindeza, cara da mãe natureza, grita pra todos os cantos, diz que a resposta é sim, não importa o contexto, tem a sabedoria de sua missão, desconhece o inicio e o fim, garoto, que orgulho que tenho de seres assim.

Pilota seu cavalo alado, dança descalço, emana o calor da quentura do ardor, incessante, incendeia o que sobrou, e pára! O tempo é seu aliado, nem um minuto a mais que o esperado, faz dele o que quer, conquista em segundos aquela mulher, passa horas e horas no futuro, volta ao passado e ganha um presente, revelando o desejo de ser apenas um garoto eternamente.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Foice

O contexto existencial é a comédia de marionetes atuando em um paraíso artificial, onde a primeira cena foi omitida e o suspense diluído em um drama de sentimentos improvisados, lado a lado do épico futurista, com uma pitada de pornô-chanchada fascista.
Permanecemos renegando o reencontro com a vida, rindo de sábios, sepultando o espírito das palavras numa árida cegueira, num contágio da ignorância que nos permeia.
O prazer contido na carne se instala como o desejo da formiga pelo doce, de qualquer maneira, sem a concepção da causa, sem nada, quando se vê, já ”foi-Ce”.
E nesse barco estou a hesitar pelo naufrágio, na dúvida de quem irá me resgatar, não há culpa nem desculpa, habito meu corpo encarcerado, mas minha alma quer se salvar.
Salve-se quem puder? Não, salve-se quem souber sobre a grande ironia a que estamos impostos, ao coletivo só posso oferecer amor, não posso gritar aos surdos nem apontar aos cegos, estamos todos certos, de mãos atadas, só nos sobra o verbo. Escrevo para mim, não pretendo que me entendam, cheguei à conclusão de que primeiro somos cerceados de escolhas pra depois usufruir de um “resto- arbítrio” tão democrático quanto a sorte de um par ou ímpar.

Espectadores