segunda-feira, 15 de março de 2010

Um divã aflito

E de repente meu mundo pára de rodar, minha rotina se esfarrapa toda num mesmo lugar, meu pedestal desmancha diante de um olhar e saio do sério na tentativa de me acalmar.
Tudo acontece quando há paz, silêncio demais, pensamentos que tocam num seio que não alimentará jamais.
Desejos na falta de ensejos para tais receios, um tropeço diante de um argumento para tal momento, uma senha decifrada para tal charada, um tormento insistente sem qualquer precedente.
Bati a porta do cubículo mal iluminado, minhas pupilas dilatadas confessavam o que ninguém mais suportava, não quero entender porque nesse sonho insistente alguém sempre quer saber o que não se permite prever. Quer ler minha mente, tenha sangue quente, estômago forte, senão nem tente.
Construirei um novo sentido para a tolerância, talvez em lugar de um cérebro coubesse melhor um triturador para toda essa ganância. O que se esconde e ninguém quer ver, o que te abraça à noite e você tenta esquecer, a inocente vontade de se coçar quando na verdade o intuito é se auto flagelar, se submeter a um simples não quando a verdade roga palavras de baixo calão com uma pitada de maldição.
Silêncio demais, o ventilador e as teclas do computador me tiram a paz, existe alguém roubando meus pensamentos, eu já li tudo o que ando escrevendo. Será que eu me traí? Vendi-me barato por aí? Ouço-me rindo atrás de mim!
Ando preocupado, há roupas de outras pessoas dentro do armário, o pior...me conhecem com tamanha sensatez, camisa p, calça 40, tênis 36.
O que me trouxe até aqui, quem fez as escolhas por mim?
Meu psicanalista diz que me colocará no eixo, apenas fecho os olhos, conto até três e tento um novo desfecho.

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