terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Em sá cada.

Lá vai o saco a seguir o vento por onde nem ele mesmo sabe o que lhe espera quando a tempestade cessar e o tormento o fizer pairar no ar.

Sei que ele gosta de ser livre pra voar, mas quando o menino corria com ele pra lá e pra cá, seguro por uma linha, deixava-se rodopiar e ousava o impressionar com acrobacias que só um saco branco sabe dar.

O que esperar então, já cansado de se reciclar em vão, foge do chão e lá de cima se põe a observar estupefato estúpidos fatos que nem na memória merecem ficar.

E quando fica repleto, de saco cheio se torna completo, encolhe as alças pra não se prender, seu desejo é desapego, pois o saco só quer se perder.

Ultrapassa passarinho, muriçoca e o próprio vento, viaja só e em silêncio, driblando galhos e balões.

Imagina estar lá embaixo e logo sente o chorume, o choro calado e logo assume que a melancolia presente no sorriso dessa gente é fruto do que não se entende, restando a fruta sem semente e a boca sem dente.

Se apressa em alcançar o que pouco interessa, acaricia gentilmente braços e pernas, ri dos borburinhos falados por quem crê num futuro de utopias, inveja o cego e seu cão guia.

Persevera em busca da felicidade, se doa de amor, mas sabe que na verdade, é um saco sem maldade, de grande maleabilidade e pavor, que transporta toda falta de criatividade de seu criador.

A sacola não entende que não deve refletir por aí, idéias não lhe pertencem, ela se confunde, não sabe se medita ou se entorpece a mente.

Maldita sacola teimosa, toma teu rumo e vê se decola, já basta eu nesse mundo de idas e voltas, vasculhando as pistas espalhadas nas rimas de uma história divina, tomo cuidado com ervas daninhas, dou pirueta, ouço o trovão, páro no tempo e percebo que sobram apenas rugas nas mãos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Pré-concepto

Só pra deixar claro: Não tenho certeza, apenas precipito meu medo ou meu desejo ... fingindo ter firmeza.
Humildemente abro meu coração, minha mente se cala, pois a razão não escancara o que se esconde entre as palavras, driblando a leitura e inibindo a emoção.
Estrago o verso ainda não construído, mas não me iludo comigo, sempre existiu segunda intenção em ser alguém que presta atenção nesse vazio preenchido de palavras de baixo calão.
E posso continuar a despejar meus delírios oníricos que não têm incumbência de fazer sentido, mesmo que seja minha vontade reprimida, ah... que pena, essa já foi tolhida.
Prefiro então continuar suando, pegajosa, esqueço o que penso e sinto o vento que me aborda, dou valor ao que nem ao menos se vê, desligo o ruído do som e da TV, ruído da mente que me desafia a pensar o que sou realmente.
Aqui jaz o aborto do pseudo-poema, ah...que pena, cale a boca, nem valia a pena.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

HagaxIVê.

Corro pra abarcar o mundo com meus feitos sem freios e paro no meio do caminho em busca de carinho que irá consertar os defeitos que limitam o meu jeito.
Junto faíscas que vão consumir o que se perdeu devido ao incêndio que se deu na mais brusca beleza do caos, foi mal, retiro o que disse, volto atrás com minha tolice.
Gosto do véu cobrindo seu rosto, detalhe do queixo sem sinais, quem sabe um dia eu enriqueça e você se esqueça que quem gira o mundo sabe bem o que faz.
Esquenta a boca pra me beijar, se torne frio assim que o trem vier me buscar, parto para o lugar que te falei, não ouse pisar nas minhas terras com suas leis.
Rogo-te toda a praga que despacharam na esquina caso adivinhar o que eu penso ao meu respeito, fico sem jeito, faço careta pro espelho, mas você nem liga, já teve sua alma vendida, então, seja bem vinda, meu universo te anuncia. Mas venha sozinha.
Chega de rima, a hipocrisia foge do padrão, o vôo da andorinha já não tem mais razão nesse clima, segura na mão... e sinta os dedos ansiando por toda dor que há sob as unhas quebradas, derrotadas por uma luta sem causa.
Termino sem nexo entre os pensamentos que sussurram em mim, tanto empenho não me garante o talento, mas acredito na matemática que não prova porque quando me somo aos apelos, me divido e quebro ao meio, quando me multiplico a ti, você parte sem ter aonde ir...sem ter mais porque sorrir...tratando de mudar o mundo a sua volta, mansamente sem revolta, sem contar comigo, nem na matemática na qual acredito.
Fica feio voltar atrás, descarto as noticias frescas da boca das bestas pois nada disso me satisfaz, então pego o guarda chuva e saio pra rua ver o que de novo há, percebo que os ratos se escondem pois quando o céu responde, as crianças dão a luz a outro mistério que paira no ar.
Trago o hálito da revelação tingida perante os portões fechados em sabedoria que dão prazer aos mais egoístas da velha geração, cansados de seus próprios sermões, agora brincam do que o mestre mandar, na melodia do tom que tocar.
Olho pro chapéu desequilibrado no cabide e vejo nitidamente um homem falido vestido sem grife, apanhando o lixo que cheira a palpite, na certeza que a escolha do destino a ser seguido apenas o agride.
E fere os seus ossos corroídos de ódio por não ter conhecido o pai que deu a luz pelos portais da grande obra que projetamos destruir sem demora sorrindo de dia e chorando ao dormir...sem memória, garantindo o pão e pedindo perdão, sem vitória, perdendo a batalha e ficando na mão...sem melhora, ajoelhando no milho ao som do refrão, sem discórdia, sem compromisso nem obrigação.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Está estático

Um mergulho serviu pra eu me recompor e no fundo daquilo que me é estranho, havia esquecimento, acalento, desinteresse peculiar... prendi o ar e tornei a afundar. É incrível ver o mundo tornar-se novo por alguns segundos quando fecho o olho... me afogaria para fazer durar a sensação de não encontrar o chão, driblando a gravidade e todas as teorias que fogem à realidade. O sal me envenena, mas sem problema, quero me esvair de forma lenta, teu ar também não vale a pena, que dilema! Nem quero citar as bolhas, mas se não as cito, as bolhinhas não deixam de escapar, tolinhas, não duram o tempo de serem pegas sob o mar, sobem velozes, saem de mim, produzo simples bolhinhas, gostaria que fosse sempre assim...mas o mar não tem fim...e eu sim. Ondas afrontam o céu noite e dia, movimento explicado por alguém que um dia ouvi com desdém... não me importo com o pré-elementar, fui feita com limites preciosos que me permitem apenas experimentar, deitar e rolar...flutuar, nadar, boiar. Respeito o tempo, a relatividade, as hipóteses e os teoremas, mas meu relógio funciona de acordo com as estações, pertenço ao instante lunar. Crio diferentes personalidades, me guio pelas árvores que vejo através do portão... meu roteiro não permite o não, dou frutos, amadureço, quando as folhas caem, aí que cresco, renovo a missão, tenho um novo ciclo e me batizo, vou à praia sem destino, me perco no rito e rezo baixinho "obrigada por não ter conhecimento de nada, só isso me basta, meus seis sentidos para serem sentidos coberto de amor a ser dado e recebido ... amem"

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

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Peno por ser sólido, vibro como tolo ao ver os destroços, fragmentos apenas fragmentos me recompõem ao infinito que é ter uma alma em busca do chamado da vida atemporal, imoral e imortal


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Espectadores