domingo, 26 de setembro de 2010

Sem pé com cabeça

Revirado pelas tentativas de olhar por outro prisma, mais de mil promessas dessas que ninguém acredita, enganando o diabo, a sorte, a morte, mas não a vida.
Aliviado pelo suborno ao padre, nem se despede do abade, ganha a rua e trama uma nova falcatrua.
Bicho de pé, deitado sobre o monumento de Don Juan, ladra ladra sem ter porque, gasta mais do que pode ter, pede mais do que tem para oferecer, rouba pela medíocre razão de enriquecer.
Inventaram-te em qualquer esquina, usurparam tua nobre menção em reverenciar a quem te deu o pão.
Grite bem alto suas inverdades com sinceridade, tua cicatriz é mais digna que teu sorriso, desenrola logo teus intentos postiços!
Nada além de ti interessa, por isso tenho tanta pressa, confessa teus medos mascarados em ofertas, bata na boca três vezes e me peça perdão, cantarola baixinho apenas esta canção:
“Canto do canto do olho, lágrima se desfaz num movimento sereno
amargura que sente por dentro
se desfaz num movimento sereno
batuca sem medo o tambor do desejo
que se faz num formigamento sereno
sente teu peito teus membros
vibrando num só movimento...”

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