domingo, 26 de setembro de 2010

Cadim de coisa nenhuma

Tamborilam os dedos inquietos através do prenúncio secreto contido nas flores flamejantes do deserto.
Hoje parou no tempo, amanhã não chegará ao exato momento, resta de um ontem tomar conhecimento em seu contento.
Ai de mim que sou assim.
Zombeteira do agreste.
Tal modéstia gira em torno do incauto, do furor, do abjurado, me entendam, por favor, a mordaça me calou, o espírito desencarnou, a pobreza me assolou.
Quanto mais explícita me torno, mais de mim correm os devotos, então me comporto bem dentro do espartilho, salto alto, na mente apenas mais um desafio.
Aquieto os pensamentos, conselheiros sábios que um dia estiveram presentes nesse solo ardente, atualmente me espiam solenemente, dedicam todo o tempo ao meu presente.
E quem pressente?

O silêncio divino te leva direto ao teu destino.
As palavras não ditas te libertam das armadilhas.
Em apenas um olhar, toda a sabedoria.
Em meio à tempestade de letras busco um significado para essa vontade danada da peste de arrancar os sapatos e correr contra o vento, escutar sussurros de bicho e de gente, pilotar uma estrela cadente, contar histórias cabeludas de seres decentes, embalar no colo esse universo inquestionável desestruturado por facínoras desequilibrados, me encantar com o dom inato de presenciar dia após dia que uma nova vida se anuncia.
Ai de mim que sou assim.

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