segunda-feira, 12 de julho de 2010

Foice

O contexto existencial é a comédia de marionetes atuando em um paraíso artificial, onde a primeira cena foi omitida e o suspense diluído em um drama de sentimentos improvisados, lado a lado do épico futurista, com uma pitada de pornô-chanchada fascista.
Permanecemos renegando o reencontro com a vida, rindo de sábios, sepultando o espírito das palavras numa árida cegueira, num contágio da ignorância que nos permeia.
O prazer contido na carne se instala como o desejo da formiga pelo doce, de qualquer maneira, sem a concepção da causa, sem nada, quando se vê, já ”foi-Ce”.
E nesse barco estou a hesitar pelo naufrágio, na dúvida de quem irá me resgatar, não há culpa nem desculpa, habito meu corpo encarcerado, mas minha alma quer se salvar.
Salve-se quem puder? Não, salve-se quem souber sobre a grande ironia a que estamos impostos, ao coletivo só posso oferecer amor, não posso gritar aos surdos nem apontar aos cegos, estamos todos certos, de mãos atadas, só nos sobra o verbo. Escrevo para mim, não pretendo que me entendam, cheguei à conclusão de que primeiro somos cerceados de escolhas pra depois usufruir de um “resto- arbítrio” tão democrático quanto a sorte de um par ou ímpar.

3 comentários:

Nina disse...

oi, Nila!!
Tocou minha alma quando li...
Parabéns pela sensibilidade de mais esse texto!!

Beijo grande

Paula Baco disse...

Impar...

Letícia Buendía disse...

Incrivel saber como o mundo das palavras unem seres.Te batizei como uma irmã de alma.Falas ao meu coração sem ofenderes meu espírito...


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